Sardinha, pão e vinho à discrição na noite de sábado 16 de agosto
🕒 2025-08-14 14:51h
A Associação Social Amigos de Samora Correia ASASC vai recriar o arraial dos anos 1970/1980 nas Festas em Honra de Nossa Senhora da Oliveira e Nossa Senhora da Guadalupe que decorrem de 14 a 18 de agosto de 2025.
No sábado, 16 de agosto, a antiga Rua do Bona vai recordar a figura da terra que marcou uma época durante a tradicional noite da Sardinha Assada com sardinha, pão e vinho e animação tradicional à descrição dos visitantes.
A ASASC pretende recuperar as tradições e perpetuar a memória de figuras que deixaram a sua marca na terra.
José Joaquim Bona, (1920-1986), foi barbeiro e vendedor de jornais e revistas.
A sua empatia e dom para as artes criaram um dos mais populares músicos e actores de Samora Correia.
Participou em diversas peças de teatro, bailes, arraiais e eventos culturais mais eruditos.
Zé Bona, como era conhecido, organizou também os arraiais populares na rua onde trabalhava e vivia.
Nas noites dos santos, em junho, havia fado vadio, marchas, fandango e cantigas ao desafio acompanhadas por tocadores de improviso.
Nas festas de agosto, Zé Bona envolvia-se na organização e cuidava da decoração da rua com paus caiados, bandeirinhas, luzes coloridas e cornetas por onde ecoava o som da festa.
Na rua do Bona havia sardinha, pão e vinho à discrição e animação até ao nascer do sol.
Era um ponto obrigatório de paragem para centenas de visitantes.
A ASASC reconhece a dimensão cultural de José Joaquim Bona a que se associa o seu humanismo e espírito de ajuda.
Aos sábados, o barbeiro pegava na bicicleta e ia cortar cabelo e desfazer barbas ao domicílio nas tapadas onde viviam idosos, doentes acamados e pobres isolados que não tinham meios para vir à vila.
No regresso trazia batatas, couves, galinhas e outros bens que lhe doavam e que usava para alimentar a família e distribuir pelos vizinhos e famílias necessitadas.
MEDO DE ARRISCAR TRAVOU UMA CARREIRA NO PARQUE MAYER
Figura pitoresca, Zé Bona tinha sempre uma piada, uma anedota, uma adivinha ou uma novidade para dar.
Nasceu com o dom da comunicação e foi um notável ator que poderia ter feito carreira em Lisboa, não fosse o compromisso com a família e o medo de arriscar.
Encarnou personagens de mulher, toureiro, palhaço, turista e até de homossexual num tempo em que havia censura. Foi um homem à frente na sua época.
Adorava tocar banjo, guitarra, harmónica, ferrinhos ou bateria. Foi um homem de sete instrumentos.
Integrou os conceituados conjuntos Almansores e Aliança que marcaram uma época em espaços como o Solar da Hermínia e o Gado Bravo.
A solo com o seu banjo animou grupos de amigos.
Quis o destino que partisse na noite que mais adorava, a noite de Santo António. Morreu a 12 de junho de 1986.
Dizia que não queria choro no seu funeral e quando chegasse ao céu queria ser recebido em festa.
“Zé Bona é um Samoreno de Ouro perpetuado na memória desta terra que amou e serviu“, conclui a ASASC.
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